Yume Nikki

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Olha só que bonitinho, um mangá com um traço fofinho e, na capa uma menina andando de bicicleta, o que mais poderia dar errado?

Quando eu comecei a ler Yume Nikki, eu sequer imaginava que a obra era baseada em jogo de mesmo nome, lançado em 2004 através do RPG Maker. Depois fui pesquisar e vi que o jogo era bem popular e tinha um status de cult, num sistema de mundo aberto gigantesco onde a protagonista, Madotsuki precisa andar nos mais variados mundos dentro do sonho para coletar itens chamados efeitos a fim de poder sair do quarto onde está aprisionada.

O mangá segue essa mesma premissa, mostrando Madotsuki presa em um quarto, apenas com acesso a uma varanda e sendo arrastada para os mais estranhos e variados mundos dentro do sonho, que ela acessa através de portas. Caso precise acordar, é só ela beliscar bochecha.

Assim, a menina vai vagando pelo lugar, que é imenso e interagindo com todo o tido de monstro e criatura, enquanto procura os tais efeitos, que nada mais são que objetos comuns que podem lhe conferir algum poder ou habilidade distinta.

Madotsuki e Poniko
Apesar dessa premissa bem RPG, o mangá tem uma aura que te deixa apreensivo. Inicialmente, sabemos o mesmo tanto que a menina e as criaturas que ela encontram parecem saídos mais de um pesadelo, e tendem a ter comportamentos estranhos ou aterrorizantes. O clima de suspense impera e o fato de não sabermos nada sobre os sonhos ou sobre a própria Madotsuki, faz com que tudo seja estranho e desagradável.

A entrada da Poniko muda um pouco o rumo do mangá, jogando um pouco mais de luz sobre o que é aquele mundo e quem possivelmente Madotsuki é. À primeira vista, a explicação do porquê aquelas garotas estão ali parece pouco convincente. Dando um pequeno spoiler (se não quiser, pule o resto do paragrafo), esse universo dos sonhos serve para as garotas “pagarem” por terem sidos garotas más, confrontarem o seu erro e se tornarem pessoas melhores, mas como o mangá mostra, isso não funciona de forma muito eficiente, já que muitas outras meninas acabaram aprisionadas lá, como a menina do deserto. Mas fazendo um paralelo, de certa forma nosso sistema prisional não é similar? Um lugar onde as pessoas são enviadas para pagar seus crimes e se tornarem pessoas melhores, mas um número expressivo acaba saindo pior do que entrou?

É só uma menina andando de bike sqn
O final, apesar de visualmente óbvio, pode ser também ambíguo, já que não temos certeza de todas as leis que regem o mundo dos sonhos e o quanto de influência ele tem no mundo real. Eu não sei se o final do jogo é esse mesmo, nem faço ideia de como as mídias se conversam, mas para quem jogou, deve ser outra experiência ao ler o mangá.

Apesar de ser um mangá estranho, que tem mais perguntas do que respostas, é uma obra curiosa e interessante, que te deixa curioso sobre Madotsuki e o mundo em si. Mas não se engane pela capa, não tem momentos felizes da menina andando de bicicleta.

Mídia: mangá
Volumes: 1
Publicação: 2013 - 2014
Demografia: seinen
Gêneros: mistério, fantasia
Autor: Kikiyama (roteiro), Machigerita (roteiro), Tomizawa Hitoshi (arte)

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