Ogeha

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Ogeha é aquele tipo de mangá estranho, que você não tem certeza se gosta ou não, mesmo depois que terminou. O autor consegue causar simpatia e ódio numa história simples sobre um garoto e seu pet alienígena.

Kiji está observando a noite, até ver um objeto caindo do espaço no parque da cidade, ele vai até lá e acha um casulo, abre-o e retira um alienígena de dentro que mais parece uma espécie de borboleta antropomórfica moe. Ele então a leva para casa, coloca-a em uma caixa de papelão e a cria como um bichinho de estimação exótico e tudo bem.

Esse é o primeiro estranhamento do mangá, Kiji vai lá mexer na borboleta alien, leva par casa e em nenhum momento ele se indaga de onde ela veio, o que ela é, e como uma borboleta pode ser do tamanho de uma pessoa. Ele só acha ela esquisita e nojenta, mas mesmo assim, leva para casa. É difícil entender a atitude do garoto, se tudo isso foi só uma preguiça do autor, ou se realmente o garoto vive num mundo tão particular e com interesses tão próprios, que o que seria uma preocupação de uma pessoa comum, para ele é irrelevante.

Brincadeiras super saudáveis


Ele parece ter uma dissociação com o mundo a sua volta. Mesmo que ele faça coisas comuns de um adolescente, ir à escola, interagir com os colegas, ao mesmo tempo, ele parece um garoto totalmente alheio à vida de um adolescente, só interessado na sua fazenda de insetos (que no caso, se resume a figura da Ogeha).

E o mérito do mangá poderia ser esse, o garoto e seu bichinho, mas o tratamento que Kiji dispensa a garota é bem questionável. Ele parece esquecer das necessidades básicas dela, como comer, e só lembra de alimentá-la e cuidar dela quando realmente ela começa a parecer doente e debilitada. Talvez seja uma crítica ao fato que muitos donos se empolgam ao pegar um cachorrinho para criar, e depois se esquecem de fazer o mínimo, reclamando que veterinário é caro, negligenciado e muitas vezes até abandonando o animal? É possível, mas nunca saberemos, já que a trama não te dá nenhuma resposta, ela simplesmente mostra o acontecimento e te deixa pensar ou sentir sobre isso.

A questão é que a maneira como Kiji lida com Ogeha é muito dúbia, às vezes se preocupando, às vezes negligenciando e até maltratando a pobre coitada. E por mais que você tente olhar com simpatia para o garoto, fica muito difícil defender suas ações.

Raro momento que o Kiji não é detestável

E o que a Ogeha veio fazer na Terra, afinal? O mangá mostra, mas sem contar muito sobre a missão da menina borboleta e como o fato de Kiji tê-la tirado do casulo antes dela se desenvolver totalmente afetou os planos da sua raça. É interessante ver a visão das lagartas alienígenas, que querem recuperar sua líder, sobre os terráqueos e como eles fazem observações acertadas sobre aparência e status social dentro da nossa sociedade.

No fim das contas, eu não sei se eu gostei ou só fiquei com raiva do Kiji, mas feliz que ele foi salvar a Ogeha quando precisou. Talvez eu precise ler novamente para formar uma opinião melhor.

Mídia: mangá
Volumes: 3
Publicação: 2015 - 2016
Demografia: josei
Gêneros: drama, slice of life, sci-fi
Autor: oimo

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