Sessão super antiga voltando ao blog. Quanto tempo isso irá durar? Eu me sairei bem, sendo que era uma sessão do Beel? Só o tempo dirá…
Eu já comentei aqui algumas vezes como Magi é um dos meus shounen preferidos, mesmo com todos os seus defeitos e o traço, muitas vezes questionável, da Ohtaka Shinobu, eu realmente gosto muito do universo e dos personagens.
Quando a JBC anunciou o mangá por essas bandas, eu não me empolguei muito. Eu já lia em inglês e como a obra ainda estava em publicação, eu fiquei com os dois pés de comprar, vai que o negócio se estende estilo One Piece e eu passaria mais de vinte anos comprando sem chegar no final?
Além disso, na época, eu estava colecionando KHR e Kenshin, além de pegar algumas coisas avulsas de Madoka Magica, então colecionar outro mangá estava totalmente fora do meu orçamento.
O tempo passou, Magi acabou e a vontade de colecionar veio, mas eu ainda estava meio sem grana e fui postergando. A pandemia começou, eu virei mãe e outros gastos entraram no meu escasso orçamento, assim, Magi foi sendo deixado de lado. Quando finalmente a situação melhorou, eu queria comprar a coleção completa de uma vez. Eu não achava ninguém vendendo e quando achava, era a preços exorbitantes. E o plano de colecionar Magi voltou para o fundo da gaveta.
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Coleção pessoal. São minhas capas preferidas. |
Um dia, uma amiga me deu um número aleatório, mais precisamente o 30 e esse foi o empurrão que faltava para começar a coleção, que foi feita aos trancos, com vários buracos até finalmente completar, mas com carinho.
Mas depois de toda essa história, vamos ao que interessa, que é o mangá em si. A edição da JBC está bem bonitinha, mas nada muito fora do que esperado. Eles ainda usam muito papel-jornal para as edições comuns e só me resta torcer para um relançamento de qualidade para a troca do papel, como aconteceu com Kenshin (duvido). As capas estão bonitas, as omakes estão lá e as orelhas, eles não fizeram, mas deixaram o conteúdo impresso na capa interna (já tinha acontecido em outros mangás).
Eu estava toda feliz até começar a ler e me deparar com os nomes. A maioria dos nomes ganharam as grafias dos correspondentes no Mil e Uma Noites, então temos Simbad com M, respeitando nossa regra ortográfica e Aladim e Ali Babá. Morgiana ficou com o mesmo nome, ainda bem. Foi estranho, porque eu estava acostumada com as scans em inglês, mas nada que realmente atrapalhasse a leitura.
O problema começou com a alteração de alguns nomes locais: Alma Torran, virou Turran (?) e Sindria virou Simbaria (??), o império Kou virou Huang (???). E o golpe de misericórdia veio com todos os membros da família Ren tendo seus nomes trocados. Ver Ren Hakuryuu ser chamado de Lian Bai-Long quase me deu um mini infarto.
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Família Ren e seus nomes corrompidos na edição nacional |
De acordo com o que pesquisei, a escolha do editor foi porque o império Kou remete a China e não faria sentido eles terem nomes japoneses. Mas essa escolha foi muito duvidosa. Sim, os nomes ficaram com as leituras dos ideogramas em chinês e não estão erradas, dá pra ver na Wikipédia do Magi que é isso mesmo, mas mesmo assim. Primeiro que o universo do Magi é fictício, mesmo com muitas regiões inspiradas na China, Japão, Oriente, são locais que não existem. Segundo, todas as outras versões que eu dei uma olhada no mangá, mantiveram os nomes em japonês e terceiro e mais importante, no anime, os nomes são em japonês, tem/tinha no catálogo do Netflix, então é como se oficialmente tivesse vindo para o Brasil.
Essa escolha foi totalmente sem nexo e sem respeito aos fãs da obra, quem diabos é Yu-Yan? Ninguém conhece, agora fala Gyokuen para ver se não aparece um monte de gente para xingar essa desgraçada?
Ainda se fossem nomes estranhos com pronúncias de duplo sentido (oi, Kurapika) era até aceitável, mas essa escolha foi um tremendo tiro no pé e o Cassius (editor) ainda falou que era assim e pronto, como você traz uma obra com o intuito de cativar o público e vender e não tem o mínimo de respeito com quem vai comprar? Vale lembrar que essa é a mesma JBC que lançou o nome do Shaoran no mangá (Card Captor Sakura) como era popular na época do anime. Não sei se houve mudança na reimpressão, mas se era para seguir essa lógica ilógica do editor, era para o garoto vir como Lǐ Xiǎoláng, que é a grafia em chinês, e ele é chinês mesmo.
Admito que isso atrapalhou bastante a minha leitura e quase me fez desistir da coleção, mas é Magi, então a gente releva.
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Minha tristeza é nunca ver essa batalha animada (imagem do mangá colorida por fã) |
Mas e sobre a história em si? Bom, relendo e já sabendo o rumo da coisa toda, dá para perceber várias nuances dos personagens. Uma conversa entre o Sinbad e o Hakuryuu lá no volume 9 só vai ter desdobramentos no volume 28. E muitas ações que pareciam não ser nada demais mostram que boa parte da trama foi bem amarrada. Claro que tem suas falhas, o arco do Alma Torran parece ainda mais longo e chato. Foi ousado da Shinobu fazer um arco inteiro em flashback, mas olhando agora, não parece ter sido a melhor escolha.
O final já não me parece tão ruim. Até foi bem satisfatório perto de tudo o que foi apresentado, apesar de ter achado que demorou para engrenar. Não foi perfeito, obviamente, mas depois do final do The Promised Neverland e do Attack on Titans, o final do Magi não parece tão ruim assim.
Eu não lembro se a Shinobu decidiu terminar a obra ou sofreu um cancelamento, mas seria interessante um arco mostrando as pessoas se adaptando a essa nova realidade. É muito difícil você se desprender de um sistema político, por mais ineficiente que seja, principalmente se você viveu a vida toda dentro dele. O núcleo principal do Magi é formado por jovens, seria interessante um conflito de geração (teve algo assim no começo, mas foi bem pincelado).
Apesar de todas as minhas reclamações a versão br, Magi ainda continua uma boa obra de shounen de lutinha com magia e contexto político encaixado de forma bem interessante. Tem seus defeitos e não vai revolucionar a vida de ninguém, mas é bastante divertido e e os personagens são muito carismáticos.