Logo na primeira cena, vemos uma mulher lutando contra robôs invencíveis. É uma cena de ação muito boa e interessante, e quando finalmente ela é derrotada, vemos que faz parte de uma simulação. Somos então apresentados à trama, num futuro distópico onde parte dos humanos se refugiou em colônias espaciais e logo se revoltaram causando uma guerra. Na frente de batalha temos a destemida capitã Yun, da cena inicial, que morreu tragicamente, mas seu cérebro foi preservado para as pesquisas e simulações com o objetivo de criar uma máquina de guerra perfeita.
Enquanto eu assistia, fiquei pensando quando ia aparecer a floresta citada no título, a Terra estava toda destruída, talvez a salvação da humanidade estivesse na tal floresta. Só então eu me liguei que o nome do filme é o nome do projeto de clonagem, Jung E e não Jungle com um L estilizado. Pior que meu marido achou a mesma coisa, então não foi só uma leseira minha.
Mas voltando ao filme, o que parecia ser um filme de ação, na verdade acaba virando uma drama político e ético, acompanhando o dia a dia da pesquisadora principal do projeto, que também é a filha da capitã. O filme traz conceitos interessantes como vender seu cérebro (e conhecimento) como se fossem dados que podem ser replicados em outros corpos e como seu clone tem classificação social diferente dependendo do quanto você desembolsa ou pra quem você vende. A capitã Yun por exemplo, faz uma venda de classe C, o que significa que ela é praticamente de domínio público, então os conhecimentos dela podem ser utilizados e estudados e a figura dela, quanto pessoa, pode ser explorada de todas formas, inclusive como um clone sexual. É um conceito que lembra bastante o Altered Carbon, mas com um que social a mais.
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Yun (Kim Hyun-joo) e sua filha (Kang Soo-Yeon) |
Apesar de ser bem interessante essa faceta e a questão ética por trás, o filme só pincela essa situação, sem realmente se prender a isso, e no final não consegue se sustentar seja como drama moral, como filme de ação ou mesmo drama familiar, já que também foca, sem realmente mostrar muito, a relação entre a capitã Yun e sua filha..
Aliás, as cenas de ação, apesar de bem orquestradas, não são exatamente originais, a cena inicial é bastante inspirada em algum Resident Evil da Jojovich e a cena onde a Yun clone cria consciência da sua condição é totalmente chupinhada do Eu, Robô. E como o filme não sabe muito bem que história quer contar, o vilão também acaba sendo bem raso e desinteressante.
Uma pena, já que o diretor, Yeon Sang-ho, é o mesmo do excelente Invasão Zumbi. A impressão que deu é que faltou uma lapidada no roteiro, também assinado por ele, e uma escolha melhor de elenco, porque nenhum ator ali entregou uma atuação realmente convincente.
Não é um filme de todo ruim, mas parece o fato de ter muitos plots que não são desenvolvidos e ter uma protagonista tão antipática acabam fazendo com que seja uma diversão curta e pouco memorável.
Mídia: filme
Direção: Yeron Sang-ho
Lançamento: 2023
Gêneros: Sci-Fi, Drama
Disponível: Netflix