O mundo não está muito maravilhoso em Subarashiki Kono Sekai

Subarashiki Kono Sekai, ou The World Ends With You como é conhecido no ocidente, é um jogo lançado pela Square Enix em 2007 para Nintendo DS, o RPG segue uma temática urbana e moderna, em vez de armaduras, temos roupas de grife, em vez de armas brancas e magia, temos bottons que dão habilidades especiais aos personagens.

O jogo gira em torno de Neku, um adolescente introspectivo que acorda no centro de Shibuya, sem memória nenhuma. Logo, ele é atacado por monstros conhecidos como noises e acaba tendo a ajuda de Shiki para derrotá-los. Eles descobrem que estão em uma espécie de jogo dos Shinigamis (Reaper's Game) e precisam trabalhar juntos para sobreviver, ou melhor, viverem de novo, já que todo jogador morreu e está numa espécie de limbo entre a Shibuya real e uma underground, tentando uma chance de voltar a vida.

O jogo se tornou bastante popular pela pegada moderna, os personagens carismáticos, o sistema de combate inovador e a trilha sonora com fortes influências de pop e hip-hop.

Mas o que isso tem a ver com animes e mangás? Pois bem, desde que a Square Enix anunciou um jogo novo, o Neo: The World Ends With You, o que melhor do que fazer um anime do primeiro jogo para atrair o público?

Isso não vai ser bom, não...
Bem, qualquer coisa seria melhor. Os primeiros minutos de Subarashiki Kono Sekai The Animation são exatamente iguais aos do jogo. Meus olhos até brilharam e abri um sorriso de orelha a orelha, a animação está bonita e fluida, a ambientação de Shibuya está igual ao jogo. Todo impacto do Neku acordar sem se lembrar de nada e sem saber o que aconteceu com ele e porquê ninguém pode vê-lo estão ali, te deixa curioso, te deixa intrigado. E tinha tudo para ser uma adaptação digna, mas essa dignidade dura só os cinco minutos iniciais.

Embora a animação e ambientação sejam competentes, o desenvolvimento da história e personagens peca muito. A trama é muito rushada e os personagens sabem informações convenientes porque sim. Claro que algumas coisas seriam suprimidas, pois o jogo é longo, mas as coisas simplesmente acontecem. Quando Shiki faz um imprinting na Ai e na Mina, não explica direito para que serve e nem como ela aprendeu aquilo. 

Além disso, os personagens são extremamente rasos. Neku, que é o garoto quieto que não quer se relacionar com ninguém, é extremamente falante e sua personalidade se adapta a cena, se ele precisa ser legal ou compreensivo, vai ser, mesmo que isso fuja totalmente do personagem.

Fora que o timing das cenas não existe, coisas como quando a Rhyme salva o Beat, ou a Shiki encontra a Eri, que são momentos bem emocionais do jogo, ficam diluídos no meio do episódio e cinco minutos depois você já esqueceu que aquilo aconteceu.

O traço é bem estranho
O que falar das cenas de batalha, então? Eu fiquei uns segundos processando aquela bisonhice. Tudo é 2D, mas os noise são em um 3D bem vergonhoso, não tem nenhum tratamento de máscara ou filtro que integre as duas estéticas, o que deixa o visual muito estranho. As lutas são mal orquestradas, os psychs são absurdamente poderosos e nem explica como exatamente é feita a integração entre os poderes e o uso dos bottons. No jogo, você compra bottons diferentes nas lojas, aqui ele simplesmente troca do fogo para o gelo, o desenho do botton até aparece na tela, mas simplesmente parece que o poder saiu do nada. Fora que ele tem total controle das habilidades desde o primeiro uso. Aprender, errar, fracassar, não existe... Shiki usa o gato de pelúcia, sempre com o mesmo golpe, e os fusion attacks (que é um combo que acontece quando os dois personagens estão em sintonia) aparecem só para falar que existem. A luta contra o Game Master da primeira semana, nem vou comentar. Era para ser um desafio real, afinal, valia a saída deles do jogo, mas o bicho fica lá tomando golpe, quase sem reação.

As roupas, as lojas, os bottons, as músicas modernas, a sensação de juventude e frescor tudo isso sumiu da trama ou é abordado tão superficialmente que passa batido. Basicamente a essência do jogo, o que o tornava um RPG diferente, foi totalmente ignorado para contar uma história que ficou maçante e que você já deve ter visto em outro anime qualquer.

Rhyme fofinha
Talvez eu esteja sendo muito crítica, principalmente por TWIWE ser o meu jogo preferido, mas realmente é um trabalho muito fraco, sem graça e sem emoção. Sabe aquele espírito do "foi feito só para vender bonequinho?", mas nem isso funciona. Para quem conhece a história, falta a alma do jogo, e para quem não conhece, tudo é muito vazio, que fica difícil absorver as informações relevantes e se conectar com os personagens que tem a profundidade de pires. 

O único ponto que eu gostei é o desenvolvimento do Kariya e a Uzuki. Eles têm mais destaque que no jogo e a interação entre eles é a única que manteve a essência dos personagens.

Uma pena, pois a história do jogo é muito boa e se trabalhada da maneira correta renderia um anime que poderia funcionar de forma independente. 

Até onde vi? Episódio 4.

Pretendo continuar vendo? São só 12 episódios, então provavelmente sim.